Construção barroca de 601 m², originária de meados do século XIX e
localizada no município de Caetité, sudoeste da Bahia, a Casa da
Fazenda Santa Bárbara ganhou um projeto arquitetônico no valor de R$
66,1 mil. A edificação é tombada desde novembro 1981 como Patrimônio
Cultural baiano (decreto nº 28.398) via Instituto do Patrimônio
Artístico e Cultural (IPAC), autarquia da Secretaria de Cultura do
Estado (Secult).
“A casa é considerada singular por ser exemplo arquitetônico
raríssimo nessa região, com um pequeno mirante, tradição mais típica
encontrada na capital baiana, e não em áreas do sertão baiano”,
explica o diretor-geral do IPAC, Frederico Mendonça. A casa representa
parte do ciclo do gado que desbravou o interior do estado quando eram
criados postos de passagens, estâncias e fazendas. “Muitos desses
lugares se transformaram em vilas e cidades, garantindo povoamento e
colonização dessas terras”, completa Mendonça.
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Diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça |
Os recursos para o projeto foram do Fundo de Cultura, via Editais do IPAC. A iniciativa viabiliza apoio financeiro para projetos da sociedade civil que visem a preservação e dinamização de bens culturais da Bahia. São ações de educação patrimonial, publicação
livros, criação de sites, CDs, DVDs, elaboração de projetos arquitetônicos e realização obras de restauro.
O projeto executivo de restauração desse antigo prédio será entregue ao IPAC na próxima quarta-feira (16). O estudo inclui intervenções, reformas e conservação da estrutura física da casa. A próxima etapa será análise da diretoria de Projetos, Obras e Restauro (Dipro) do IPAC, para avaliações e repasse posterior ao proprietário do imóvel, João Paulo Silveira, que com o projeto em mãos terá à disposição várias linhas de financiamento público para as obras.
“A Secult dispõe hoje de dez editais que auxiliam a política pública no estado. Oito foram lançados em 2009 e mais dois em 2010. O objetivo dos editais é inserir empresas e profissionais da sociedade em ações de restauração de monumentos de importância arquitetônico-histórica para a Bahia”, explica a coordenadora de Editais do IPAC, Mirnah Leite. Segundo ela, com a iniciativa será mais fácil obter recursos, já que nenhuma obra pode ser realizada sem projeto.
Atualmente o monumento está desabitado e estado de conservação
precário, devido ao longo tempo de abandono. De acordo com a
formuladora do projeto, Elisa Fialho, foram realizados estudos de
viabilidade econômica e história local. Para ela o imóvel é referência
histórica e cultural, possuindo valor estético incomum, em estilo
barroco. “É um monumento de extrema importância para a história da
região e o projeto é apenas o primeiro passo para a sua recuperação”
diz Fialho.
Passado e futuro - A casa já pertenceu a Joaquim Manoel Rodrigues
Lima, primeiro governador eleito por sufrágio direto na Bahia.
Propriedade rural com destaque no alto do sertão baiano, a fazenda
ainda conserva a tradição da montaria, servindo como ponto de encontro
de cavaleiros e amazonas, o que motivou inclusive a criação de um
grupo de montaria que, além das habituais cavalgadas, participa dos
festejos pela Independência da Bahia, no 2 de Julho, na cidade de
Caetité.
No início dos anos 2000 a casa foi utilizada na gravação do filme
brasileiro Abril Despedaçado do renomado cineasta Walter Salles, o que
despertou ainda mais o interesse de estudiosos pesquisadores e alunos
das redes de ensino. Hoje está com o atual proprietário, João
Silveira, que pretende transformá-la, após a reforma, em um
empreendimento viável e sustentável, com museu e hospedaria.